as tuas palavras mais profundas sabem a amargo
o teu sorriso brilha à luz de estupefacientes baratos
e eu continuo a carregar o insustentável esforço pelos dois
com todos os fantasmas do futuro a devorarem-me de dor e fraqueza
o vento a esfoliar-me a pele e gastá-la de desejo e ternura
e em mim todo o teu ausente peso insuportável
às escuras as palavras flutuam e bebem melancolia
o efeito de morfina da tua língua
(do teu beijo, do teu toque, do teu ar)
e a sensação de insulto da tua ausência
(da tua presença involuntária e intermitente)
nem todos os meus sonhos me levam até ti
e eu perco todo o tempo que adormecer me toma a imaginar que é em ti que estou
e todo o tempo que acordar me leva a tentar tirar-te do corpo
o desespero que sinto vem do momento em que não serei capaz de lembrar a que sabe o teu toque
vem do instante em que irei parar no meio da rua e aperceber-me de que esqueci o som da tua voz
vem da recordação da memória por criar do momento em que dissemos o nome um do outro pela última vez
um dia vou aperceber-me de que todas as palavras que me restam vêm da sensação de ti
(e não vou querer escrevê-las para não te perder totalmente)
Um reset necessario......
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