terça-feira, 28 de junho de 2016

you blinked

Caught a bolt, a lightning. Cursed the day he let it go.
Nothingman.



sábado, 25 de junho de 2016

getting away with it all messed up

that's the living

não há álcool que me faça deixar de querer que estejas do outro lado da ressaca



sábado, 18 de junho de 2016

and I feel the power but you don't

não faz mal

se realmente fores, eu terei todas estas palavras para te sentir de novo
terei a memória do teu cabelo por pentear e do teu peito despido naquela noite de domingo

se de facto não voltares mais, eu ainda me recordo do nosso último beijo e das últimas palavras que ouvi saídas da tua boca e da cor do céu nessa tarde
tenho comigo todas as músicas e a forma como elas me fizeram sufocar pela tua presença

há de ficar sempre o sabor do café e cigarros do teu hálito
a temperatura da tua pele a ferver em mim
a leveza dos teus lençóis brancos no meu corpo nu

não faz mal

se fores, as escadas na tua casa vão continuar a oscilar entre a ansiedade que era subi-las e a melancolia de descer. o portão saberá sempre a orvalho nas minhas mãos, com o sol a encher a madrugada de luz. o frio de sair dos teus braços será sempre eterno e nunca conhecerá a sensação de se extinguir na pura ação de ficar.

o teu nome vai sempre fazer-me estremecer da mesma maneira e levarei algum tempo a apagar as marcas que o teu toque deixou na minha pele.

mas não faz mal

um dia sais-me da memória sem que eu dê por ela, acordo e já não me lembro que exististe sequer. um dia olho para estas palavras e sorrio de ternura. talvez te mostre de que forma perpetuaste em mim durante tanto tempo. depois vais entender o peso das palavras e como é importante deixá-las escritas por muito que nunca passem disso mesmo, palavras insignificantes que ninguém se preocupa em ler. se não fossem as palavras eu nunca te teria voltado a tocar e ficarei sempre a dever-lhes isso.

por isso, digo-te vai, respondo-te adeus.

e não faz mal

já nem me importo, quase já nem lembro

existirão sempre as palavras que não cheguei a tempo de escrever
terei sempre comigo as recordações que nunca chegámos a acabar de criar

tudo em mim já estranha a ideia de ti
a minha pele mudou de tonalidade desde a última vez que nos abraçámos
os meus olhos já só te vêem através de uma névoa de dor e desilusão
e decidi que ver sem lentes, filtros e véus é o tipo de autenticidade que nos falta

mas nunca da mesma forma como tu me faltas

tu faltas-me através das sensações mais puras
faltas-me na alma atormentada
faltas de mão dada com os meus fantasmas

e contudo

cada vez mais me convenço de que não faz mal

não faz mal se não voltares, se não me agarrares mais e que na tua língua a minha pele jamais se faça sentir
não faz mal se não ficares, se não ouvires mais a minha voz, ou o meu silêncio, ou o silêncio que a minha voz reproduz quando te falo agora
não faz mal se fores, se comigo não ficar nada teu a não ser algo que nunca aconteceu fora de nós, se não tiver como gritar ao mundo que fomos reais
não faz mal se me deixares, se todas as palavras ficarem sempre por ler, por muito que sejam lidas pelas multidões que nunca nos souberam como eu nos sei, se nunca conseguires tocar as letras que surgem à frente uma das outras ou entender como cada uma traz de ti uma parte

não tem problema

se tiveres de ir, vai

eu fico com isto.
com as palavras que resultam do teu abandono
com a poesia descontrolada
com o sono que ficou por perder

eu fico com o mundo que jurei um dia conseguir abarcar
com o peso dos oceanos nas mãos
e de toda a terra onde me afogo no peito

e assim poderás ir
sem que faça mal

quase já nem te sinto sequer

não faz mal

eu tenho as palavras
e nada nos conseguirá perpetuar melhor do que elas



segunda-feira, 13 de junho de 2016

I think of you, I think of you. You

durante todo o tempo que andava terrivelmente apaixonada por ti e não sabia se algum dia te iria voltar a tocar algo me mantinha. uma espécie de esperança sem fundamentos, uma sensação e até cheguei a chamar-lhe de instinto. agora que te voltei a tocar e ter, não sei que sensação ficou para além do estranhamento em relação ao passado. um estranhamento em relação a um tempo que me é tão íntimo e querido, que guardo preciosamente na memória. o meu receio reside na possibilidade de ser esse tempo o que me mantém agora. quando o teu toque se ausenta por demasiado tempo e o meu corpo começa a esquecer a sensação de te ter. a recordação do que é não te ter é o que, maioritariamente, me faz não te querer perder. isso e a tão recorrente assombração do futuro, de não saber o que nos teria acontecido se ficássemos juntos.
entre o passado e o futuro, o presente é-me servido insossa e amargamente, seco. onde paira uma sensação de inércia, onde a atmosfera é de incerteza. não sei o que nos mantém. aos poucos começo a entrar num clima de alienação. começo a habituar-me a certas ideias que me eram tão desagradáveis... não consigo sair daqui enquanto não esgotar todas as possibilidades que ainda não foram exploradas. continuo a querer o teu corpo com a mesma veemência que em tempos desesperadamente quis. a ideia de insuficiência assalta-me como um inimigo que desejo evitar a todo o custo. é desagradável. o que acontece é que não sei o que sinto em relação a quem és para mim agora. sei que estou arrebatadamente apaixonada por quem foste para mim, sei que nunca senti nada tão forte por ninguém como aquele que serás, mas ainda me pergunto quem és tu agora.

terça-feira, 7 de junho de 2016

until

vou queimar a pele que cobre as tuas veias com a ponta da minha língua
interromper todos os teus sonhos com o meu fôlego sob forma de sussurro no teu ouvido

                                        estou a magoar-te?
                                        não... - enquanto te olho provocante e tu sorris desafiante

serves-me como a melhor pele quando estou despida
levo-te até ao esgotamento de mãos presas atrás das costas

                                        cala-te

e é com prazer que eu calo e debruço. é com prazer que eu vergo e obedeço
mas também é com prazer que te luto corpo-a-corpo e à colisão de forças

                                        obriga-me

foder contigo é tocar o sublime de consciência apagada
é ir às profundezas da existência e trazer de lá algo de real



domingo, 5 de junho de 2016

and I will love this love forever

eu era, como sempre sou, a única que não conseguia dormir. o quarto estava iluminado apenas por uma luz muito fraca cor de âmbar.
acordei e durante muito tempo não me conseguia lembrar de como tudo está, não consegui distinguir a realidade do sonho. quando voltei realmente a mim, só agora passadas umas boas horas, percebi que provavelmente é nestes sonhos fugazes que irei passar a encontrar-te inteiramente, apesar da ilusão.


talvez que te encontre nas ruas que sempre quis percorrer contigo e nas quais nunca caminhámos juntos. vais aparecer nos momentos em que a presença de todas as pessoas que me são importantes me fizer sentir vazia. já estás a regressar quando me distraio e de repente me assaltas a memória e me lembro que tudo está a desmoronar.


lutar dói. e cada pedaço de mim está a ser sacrificado aos poucos. aos poucos torno-me num fantasma, melancólico e frio.


perder-te é tão devastador quanto tinha previsto. só não pensei que fosse tão silencioso.

ainda não usaste uma palavra, mas de certa forma o "adeus" já foi escrito na tua mudez, na tua inércia


toda a minha alma está a ser roída por esta destruição tão lenta. sempre julguei que me fosses matar de uma vez: rápida e eficazmente.
quem me dera que o fizesses