terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ainda tenho muita dor para sofrer. As pessoas insistem no conceito de ser feliz, mas eu ainda não tive tempo para sentir a dor.
Vou afogar-me sempre nestas ondas, para toda a minha vida, vou sufocar sempre no mesmo oceano.



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Dia 0

Não dá para imaginar o esforço que fiz para não me agarrar a ele quando começou a chorar. Para não lhe dizer para tentarmos outra vez. O esforço que fiz para admitir que não havia mais nada a fazer. Que hoje foi o fim.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Ontem à noite desfiz-me num pranto. Duas horas depois de andar às voltas na cama sem conseguir adormecer, não aguentei e deitei tudo cá para fora.
O facto de ser calculista só tem as suas vantagens em determinadas situações. Antes de dormir, não é uma delas. Tenho a consciência que estou quase a bater no fundo, mas de cada vez que tento imaginar uma saída, a minha cabeça refuta-a com todas as possibilidades que teria que enfrentar se a escolhesse. Sei que vou ter que acabar por fazer alguma coisa, só ainda não sei o quê.
Acho que ando doente. Pelo menos, tenho-me sentido pior. Não tenho vontade de ir ao médico, porque tenho medo do que possa acontecer por lá.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Negative Capability

Há uma insatisfação que me atormenta. Uma insatisfação com a vida. Uma vontade de romper os laços que me unem a um nada, a uma incerteza à qual só acresce a frustração de dia para dia. Digo a mim própria que sou demasiado inteligente para desistir, que sou demasiado burra se largar a oportunidade que arranjei para mim mesma, mas a verdade é que é exatamente isso que, por vezes, sinto que tenho que fazer: simplesmente deixar tudo e começar de novo. Sou uma pessoa que sente constantemente a insuficiência do mundo à minha volta. Agarro o ar e a luz como se fossem palpáveis, mesmo tendo a plena consciência de que não o são.
Chego à conclusão de que tenho uma personalidade romântica. Demando tudo, não alcanço nada.


domingo, 11 de janeiro de 2015

Okay baby, let's go dancing

Abrimos as portas à nossa frente e entrámos num mundo que não o nosso. Eu só me arrependo de não estar na melhor companhia para conhecer aquele lugar e não ter muito tempo para o conhecer. Está quente, a música está alta, ainda há espaço para nós. Vou ao bar e não peço álcool, porque o álcool é muito caro. Recosto-me no balcão enquanto aprecio as pessoas à minha volta. Homens e mulheres e mulheres que parecem homens, homens que parecem mulheres. Agarram-se uns aos outros e tentam acompanhar o ritmo do som. Uns, encostados como eu, olham apenas. Está cada vez mais quente, mas não que se veja os corpos suar. Vejo uma mulher encostada ao canto. Depois, já está agarrada a outra, que desliza a mão até à sua anca. Outra aparece e passa-lhe as unhas pela nunca, até atrair a sua atenção. É bonita. Tens os lábios naturalmente vermelhos e os olhos azuis. Passa ao meu lado para ir ao bar pedir algo. Até eu lhe quero tocar com as minhas mãos.


sábado, 10 de janeiro de 2015

Não sei por quanto mais tempo vou conseguir manter-me assim. Sou o tipo de pessoa que atrai o negativismo e os problemas, geralmente problemas que não se veem, problemas da consciência e da alma. Por alguma razão, passo a vida a sujeitar-me: sujeito-me à dor, sujeito-me à confusão. Há um magnetismo em mim para tudo o que possa vir a resultar em caos. O último caos que criei para mim própria foi dos grandes, mas não produziu efeitos devastadores dentro de mim. Ou, pelo menos, ainda não. Estou inerte, completamente, e não sinto nada. Tudo o que eu faço, é na tentativa de sentir algo. E nada tem resultado.



sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Pilot

Não sei o que isto é, por isso não me martirizem com perguntas. Só tenho a consciência de que me estou a tornar num buraco negro com tudo o que trago dentro de mim. E lancei uma rede de solidão, daquela que tende para o anti-socialismo, em mim própria. Uma emboscada e tantas.
Para além disso, estou a esquecer-me de como é que se escreve.
Por estas e muitas outras razões, que passam, também, pela vontade de voltar a mostrar ao universo o quão fodida estou (e sou), ou pelas sucessivas questões morais a que me tenho sujeitado ultimamente, decidi voltar e dar mais uma hipótese ao mundo dos blogs, e a vocês também.
Agora que as apresentações estão feitas, vamos esquecer esta treta e focar-nos no que interessa, daqui em diante.