terça-feira, 28 de julho de 2015

L$D

L

uma pressão entre a pele e o ar preenche o espaço e vazio de ti
as palavras que não digo soam a regresso e tu que não regressas a mim
passaram dias e semanas e o teu cheiro assalta-me noutros corpos
enquanto me debato nestes músculos em espasmos e inércia imediata


deixo morrer na penumbra todo o fogo-fátuo que restou
e espero, não esperando, no interior do que ainda não se deixou ir



$

procuro alguém que me faça esquecer-te
e foder perde o encanto, o sexo perde-se
eles tentam penetrar mais do que a carne
e não se apercebem que deles não quero mais do que corpo


mãos tocam-me e não me sentem como tu me costumavas (fazer) sentir
e eu não sei o que continuo a procurar neles, quando já sei que nunca te vou encontrar a ti



D

até que regressas e volto a sentir a tua respiração perto da minha
beijas-me naturalmente e a minha língua cruza a tua
tornas o mundo nosso, mundo que não este
a tua presença enche-me a alma e deixo de me sentir incompleta


quando acordo, perco-me no tempo uns segundos
e quando recordo, perco-me na saudade para sempre



. love .





. sex .




. dreams .






sexta-feira, 24 de julho de 2015

um ca(c)to que morre à sede

mas eu não te deixo ficar

não mais

vais e levas contigo todas as recordações
levas contigo o passado que não chegou a vincar
deixas comigo a dor da insistência
do não-esquecimento
da tentação
e das tentativas

e no meu corpo fica um fio de saudade
um fio que por vezes se torna corda e estrangula
aperta o peito e o pescoço
e nas outras vezes quase rompe
desfaz-se tão fino que mal se vê
(mas está lá)

mas não mais

não te deixo ficar

não quero arder, não quero congelar
não quero ficar a pensar em ti enquanto finjo que durmo
não quero ter-te pela metade enquanto sou tua por inteiro

não sou eu
nem serás tu

hás de entender um dia

eu fui tudo

e do nada que me fizeste

há de sobrar sempre

um todo muito completo

disposto a abarcar o mundo


(só não o teu)



quinta-feira, 16 de julho de 2015

we're going down, and you know that we're doomed

Certamente que sim
Outras mãos para beijar
Outros olhos
Outra realidade espelhada no sorriso.
Certamente que aparecerá
Alguém melhor que o amanhecer
Alguém a quem o sol toque
Alguém sem a lua na alma.

Certamente eu
Erradamente tu
Impossivelmente nós
Finalmente assim
Terrivelmente nunca
Urgente fantasia
Imortal desejo

E agora



fria



permanente



digo-te

vai

respondo-te

adeus








and so you go
leaving me here
in a room with a torn shade

and so you left quickly
as you arrived to me,
and we have said goodbyes before

and you went as you arrived,
you left me quickly,
you left me many times before
when I thought it would kill
but it did not
and you returned.

Charles Bukowski.

domingo, 12 de julho de 2015

quando ele chega e chama por mim

Até que voltas, até que proteges, até que te pões à minha frente, lanças aqueles olhares, é minha, mas não tocas, não dás, só observas, e quase dizes sem dizer, e não há nada que goste mais e odeie tanto.
Porque sou tua sem ser, e ninguém sabe, porque não fazes de mim o que gostarias e eu não faço de ti meu, porque não és.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Este amor é de guerra. (De arma branca).

Amas como arma branca
ilegal
abismal
fatal.
Cortas como navalha
a pele como dentes
Rasgas como pistola
o corpo como pólvora
Espancas como soqueira
os músculos como pressão

Vens de faca na mão
Exiges o tecido despido
Provas o sabor esquecido
E nas gotas de suor que escorrem
Vês vermelho e desordem.
E as sinapses dão-se
quando sentem o estímulo
de me destruíres no massacre
(tão necessário
tão exigente
tão egoísta)
de existires.

domingo, 5 de julho de 2015

mas não quero depender mais de ti, nunca mais

É que depois sinto um vazio, uma falta. De ti, do que costumávamos ser. Estás comigo e contigo consigo esquecer o outro, o mundo, só para me lembrar da tua outra, do teu mundo, de como costumava ser difícil e doer. Falas comigo até eu adormecer e depois somos desconhecidos na rua, atendes-lhe o telefone e chamas-lhe pelo nome, que me custa tanto ouvir, o nome que não é o meu, não é por mim que chamas.
Fico assim, triste por nós, sem que o amor cá esteja, sem que queira que ele reapareça, sem perceber por que te quero. Acima de tudo, sem perceber por que não te recuso.
Depois sinto uma solidão tão grande que parece que nunca dela sairei.