não mais
vais e levas contigo todas as recordações
levas contigo o passado que não chegou a vincar
deixas comigo a dor da insistência
do não-esquecimento
da tentação
e das tentativas
e no meu corpo fica um fio de saudade
um fio que por vezes se torna corda e estrangula
aperta o peito e o pescoço
e nas outras vezes quase rompe
desfaz-se tão fino que mal se vê
(mas está lá)
mas não mais
não te deixo ficar
não quero arder, não quero congelar
não quero ficar a pensar em ti enquanto finjo que durmo
não quero ter-te pela metade enquanto sou tua por inteiro
não sou eu
nem serás tu
hás de entender um dia
eu fui tudo
e do nada que me fizeste
há de sobrar sempre
um todo muito completo
disposto a abarcar o mundo
(só não o teu)
Nunca pela metade, evidentemente.
ResponderEliminarMuito bom!
O nosso tempo é demasiado curto, para ser dispensado com gente que se perde num labirinto solitário, sem se dignar a entregar-nos a outra ponta do novelo.
ResponderEliminarExtraordinária AM!
Quem escreve e sente dessa forma nunca será metade ou vazio :9
ResponderEliminarmuito bonito.