sexta-feira, 24 de abril de 2015

call your name two, three times in a row

O que quero é beijar-te. Arrancar-te esse mistério dos lábios. Mergulhar os dedos no teu pescoço e puxá-lo para a minha boca. Assim mesmo, de roupa e sem a tirar, de mãos pelo corpo e sem o tocar, de respiração mútua e sufoco fingido.
E não pode passar desta noite. Tenho antecipado este momento há demasiado tempo, estou farta de esperar pelo impulso interior, agora todo o meu corpo vibra - por um beijo.
Os dentes rangem, a língua flutua, as mandíbulas estalam.



domingo, 19 de abril de 2015

desidratação

A parede pede as minhas costas, os lençóis pedem as tuas.
Tenho os lábios rebentados de os morder enquanto penso em ti.
Tenho os pulsos pisados de me tocar enquanto não chegas.
O chão anseia pelo teu corpo, as tuas mãos anseiam pelo meu.

A tua boca não diz o meu nome, a minha voz grita pelo teu.
Tenho as pernas a desfazer-se em tremores enquanto não as agarras.
Tenho a água a percorrer-me o corpo enquanto espero que a tua língua o faça.
O meu peito arfa pelo teu oxigénio, o teu ar corta-me a respiração.

A banheira cansa-se dos meus orgasmos, a tua cama parece não sentir a falta deles.
Tenho o desejo a pegar-me fogo à alma enquanto as chamas não chegam a ti.
Tenho os ossos a estalar enquanto não mos vens partir.
A minha pele sufoca pelo teu toque, os teus dedos tiram-me a sede.



quinta-feira, 16 de abril de 2015

alguém que me foda

Regulo a temperatura da água. O corpo escalda, a água esfria-o.
Preciso de uma pele que se encoste à minha e a ela se funda. Preciso de sentir a carne contra a carne, a língua contra o pescoço, os dentes contra o ombro, as unhas contra as costas. Preciso de sentir a expiração de uma pessoa a interromper um beijo urgente, de ver a sua boca abrir-se lentamente para soltar um gemido, de ver os seus olhos fechar como se isso aliviasse a pressão do corpo. Há em mim uma vontade imensa de me inclinar sobre uma superfície e deixar-me ser fodida, uma vontade de agarrar umas coxas que rocem nas minhas enquanto lhes limitam o espaço, uma vontade de pousar as minhas mãos num peito de forma a encontrar equilíbrio. Todo o desejo em mim se afunda e todo o desejo em mim recorda.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

-te

Já não penso em foder(-te)
Como (te) pensava antes.
Agora hesito(-te)
Recuso(-te)
E não (te) penso.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

2 a.m.

Um homem a agarrar-me nesta cama, deitado comigo, enrolados os nossos corpos nus, no meio dos lençóis. Simplesmente abraçados, quietos no escuro, a preencher a solidão, a matar a carência, um homem que me apertasse nos seus braços, e movesse levemente os dedos num afago à minha pele, sentir a respiração leve no meu pescoço, enquanto adormecíamos na quietude do luar. A simplicidade de não se estar sozinho na noite, o desejo de nos sentirmos incompletos na companhia de outra pessoa.