quinta-feira, 16 de abril de 2015

alguém que me foda

Regulo a temperatura da água. O corpo escalda, a água esfria-o.
Preciso de uma pele que se encoste à minha e a ela se funda. Preciso de sentir a carne contra a carne, a língua contra o pescoço, os dentes contra o ombro, as unhas contra as costas. Preciso de sentir a expiração de uma pessoa a interromper um beijo urgente, de ver a sua boca abrir-se lentamente para soltar um gemido, de ver os seus olhos fechar como se isso aliviasse a pressão do corpo. Há em mim uma vontade imensa de me inclinar sobre uma superfície e deixar-me ser fodida, uma vontade de agarrar umas coxas que rocem nas minhas enquanto lhes limitam o espaço, uma vontade de pousar as minhas mãos num peito de forma a encontrar equilíbrio. Todo o desejo em mim se afunda e todo o desejo em mim recorda.



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