eu era, como sempre sou, a única que não conseguia dormir. o quarto estava iluminado apenas por uma luz muito fraca cor de âmbar.
acordei e durante muito tempo não me conseguia lembrar de como tudo está, não consegui distinguir a realidade do sonho. quando voltei realmente a mim, só agora passadas umas boas horas, percebi que provavelmente é nestes sonhos fugazes que irei passar a encontrar-te inteiramente, apesar da ilusão.
talvez que te encontre nas ruas que sempre quis percorrer contigo e nas quais nunca caminhámos juntos. vais aparecer nos momentos em que a presença de todas as pessoas que me são importantes me fizer sentir vazia. já estás a regressar quando me distraio e de repente me assaltas a memória e me lembro que tudo está a desmoronar.
lutar dói. e cada pedaço de mim está a ser sacrificado aos poucos. aos poucos torno-me num fantasma, melancólico e frio.
perder-te é tão devastador quanto tinha previsto. só não pensei que fosse tão silencioso.
ainda não usaste uma palavra, mas de certa forma o "adeus" já foi escrito na tua mudez, na tua inércia
toda a minha alma está a ser roída por esta destruição tão lenta. sempre julguei que me fosses matar de uma vez: rápida e eficazmente.
quem me dera que o fizesses
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