domingo, 28 de junho de 2015

no momento em que ele entrou dentro de mim, só pensei em foder-te a ti

mas deixei-me ficar. pensei nele, achei que seríamos loucos, pensei que as circunstâncias não seriam as melhores, deixei-me ficar. mas no final, enquanto voltávamos e a música ia bem alta, os vidros das janelas abertos e o meu cabelo a voar ao ritmo do vento, eu só pensava em ti. em como queria ter conseguido guardar a minha urgência, em como tu terias (mesmo que impossivelmente) fodido essa urgência toda para fora do meu corpo.
pensei em ti, e quando te vi, morri de ternura, enchi-me do mesmo desejo que acabara de matar, só queria lavar a boca e beijar-te a noite toda, queria tomar um banho, sentir-me completamente pura, para logo depois puxar-te para um canto, para uma esquina, para uma parede, ou simplesmente para mim, e abraçar-te, percorrer o teu peito forte e rijo com as minhas mãos pecadoras e imorais, adúlteras, ter as minhas pernas despidas bem encostadas às tuas calças bege, dar-te a boca, dar-te o corpo, dar-te o mundo.
eu fecho os olhos e sinto a tua mão levemente caída entre as minhas omoplatas, eu abro os olhos e vejo as tuas salientes no tecido, enquanto caminhas à minha frente, sempre à minha frente, de mãos nos bolsos, e eu me deixo ficar, e olho-te como quem nunca te viu, e a minha pele aquece com o toque que não me dás, não ainda, talvez um dia. e nestes momentos, eu não me importo de esperar, não me importo de pensar que terei de passar dias e meses seguidos sem te poder ter por inteiro, o que são dias e meses? não consigo sair de ao pé de ti, não consigo deixar-te sozinho, mesmo que estejas cheio de gente à tua volta, nunca conseguiria deixar-te para ir ter com ele, nunca mais quero pensar nele sequer, porque só hás tu.
e eu abro caminho pela multidão, os meus pés não sabem bem onde calcar, sinto o álcool nas veias, sinto a música no corpo, espreito para te tentar ver, desapareceste, não te encontro e espero, digo-lhes que eles já voltam, voltam sempre. mas tu nunca voltas para mim, voltas para nós. e eu fico sempre morta por te tocar, que me agarres e dances comigo, por muito que eu não saiba dançar, quero calcar-te os pés, a ti, e quero arrastar-te para longe de todos, no meio de todos, em mim, comigo.
e enquanto todas as incertezas do mundo pairam no ar, e as garantias caem por terra, eu tenho as certezas todas em mim, e não preciso de garantia nenhuma, porque só hás tu.

2 comentários:

  1. Podes matar a urgência do corpo mas o desespero da pele que li no outro texto não desaparece com as (in )certezas que caem no chão.
    :)

    ResponderEliminar
  2. textos assim deixam[me] ... louco.

    bj doce

    ResponderEliminar