consentes e cedes ao gemido que embacia os vidros, o vapor salgado que inalo metamorfoseia-se em mercúrio numa ferida aberta, a cura tradicional para rasgões da pele, e a gaze cola à carne e arranca tecido.
este plenilúnio transforma-me e a cor dos meus músculos adquiriu as tonalidades de um poente amarelo, rosa, roxo, azul. os teus dedos em forma de punhal roçam suavemente as veias do meu pescoço e ameaçam rasgá-las, para logo depois se transformarem em correntes e me apertarem a traqueia ameaçando-me com a asfixia.
os teus dentes deixam relevo na minha carne ao disputar com os ossos o território ao qual o meu sangue aflora imediatamente, desejoso de se entregar ao teu palato. a minha saliva, o meu ADN.
a sinceridade que as tuas mãos emprega na minha pele ultrapassa o entendimento geral da nossa consciência e os meus dedos retraem à queimadura de te ter em posse. os meus olhos ainda não souberam dilatar suficientemente, continuo a ver-te por uma margem de sonolência estupefaciente.
o paraíso parece demasiado nítido para mim, entrego-me à escuridão como única possuidora da minha clarividência, onde te deleitas e pernoitas agarrado ao meu corpo como inimigo, combatendo-me como fera, atirando-me para o recanto da minha própria miséria, onde aprendo a dor de enfrentar o chão com as ancas, onde caio infinitamente de uma cama que quase me pertence de tanto tempo lhe dedicar com a memória.
Agora só comunicamos assim :P
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=u7K72X4eo_s
Era exatamente esta, versão instrumental ;)
EliminarAs tuas palavras soltas juntas são... fantabulásticas
ResponderEliminaradoro deliciar-me aqui, a constante entre do corpo, da alma, de nós mesmos, a dor, o prazer, a escuridão, a luz, o delírio, a realidade