quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Can you show me how tender you can be?

três
seis
cinco

trezentos e sessenta e cinco

passaram trezentos e sessenta e cinco dias desde o momento em que me deitei na tua cama e fiz dela templo. há esse número de dias atrás o meu corpo sofreu a catástrofe totalmente trágica de se cruzar com o teu, de o consumir como água onde só o sal matava a sede. esta aflição foi sendo amenizada pelas memórias que a minha mente utilizava como analgésicos narcotizantes. a imaginação dava a sensação de algas como correntes, sempre a prender-me suavemente pelos tornozelos e a não deixar nadar para a superfície.

trezentos e sessenta e cinco dias ensinaram-me a respirar o oxigénio do mar, deram-me barbatanas (sujas) para correr, descamaram-me a alma.

esperei por ti em todos eles. mesmo não te querer era uma forma muito desesperante de esconder a ansiedade de já não aguentar mais sem te ter. deixei que tanta água me escorresse pelo corpo, sempre sedenta de ti. todos os semáforos vermelhos eram tu - os verdes também, e os amarelos principalmente. sabias a luz néon na boca, ininterrupta e impossível.


trezentos e sessenta e cinco dias depois regressas com os teus dedos, com a tua pele, com a tua língua na minha orelha e a tua mão esquerda no meu pescoço. regressas com a tua força sobre mim, com os mesmo lençóis na cama e as mesmas gotas de suor a escorrer pelas fontes e nuca. a atmosfera é outra, nós somos outros, mas ter-te dentro de mim tem o mesmo sabor salgado da primeira vez.



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