quinta-feira, 4 de agosto de 2016

way down we go

em todo o asfalto por onde rastejámos
por todo o céu de trovoada lá fora

levei-te no álcool que me enchia o copo, na luz que me entorpecia a visão
guardei a lingerie branca durante meses na gaveta e só agora me sinto impura o suficiente para a utilizar

ele quase me parte os ossos de cada vez que me toca
com a mesma força que eu continha quando te tocava a ti
e descarrega em mim a mesma energia incontrolada que eu reprimia antes

já beijou mais do meu corpo
já me teve da forma que eu nunca te consegui dar

mas só as tuas mãos sabem o caminho
só a tua pele queima na minha
e ainda és o único capaz de me fazer sufocar sem medo

contudo

(porque há sempre um "no entanto")

a forma como eu desaparecia à tua volta
como me sentia anulada pela tua presença
como deixava de me ver num espelho onde duas pessoas posavam


onde respirar já implicava premeditação

esperar destruiu-me
- destruiu-nos -

tudo porque nunca chegaste como te esperei

e eu cada vez menos chego onde tu me esperas


e nenhum de nós entende

-

não esperamos nada


3 comentários:

  1. Sendo assim...
    Gostei de te ler, da forma que usaste para contar uma história.
    Que seja uma boa noite, AM!

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  2. O melhor é nao esperar nada....

    Kiss

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  3. Waiting...
    ... You

    o.santo.diabinho@gmail.com

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