segunda-feira, 4 de abril de 2016

autumn leaves

ainda aguardo os teus lábios no meu pescoço como possuidores da (re)solução de um enigma. observo-me ao espelho e encontro os hematomas nos braços, os dentes nas nádegas, manchas que secaram na minha pele.
isolo-me debaixo dos lençóis, sozinha e no escuro, molho a minha cama com a ideia de estes dedos serem os teus.

vejo-me descalça, a correr escadas acima numa tarde de sol, fechar a porta do teu quarto atrás de mim. ouço Chet Baker com Ruth Young na minha cabeça, de olhos fechados e os teus braços a chegar para me envolverem. de costas para ti, volto-me, como sempre o faço, e olho-te minúscula e curiosa. provo-te como se fosse a primeira vez, como se fosse a última

como se acordar fosse acabar


dou tudo o que não tenho e continuo a criar em mim mais do que não há de ficar

para ti


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