segunda-feira, 4 de abril de 2016

desespero como luz, silêncio de trovão

entoas como pés despidos em rocha quente
a tua pele como folha de papel amarelecido
olhar de lusco-fusco
toque de pó embalado no ar
beijas como corte de vidro partido
dormes a sedativo de sublime
pisas a água sem afundar
bebes o oxigénio sem respirar
sangue leve e incolor
pestanas de raiz solta
dedos de ossos negros
tendões sem elásticos
impressões digitais sem terminações nervosas
olhos sem abismo de íris
medula sem espinal
ventrículos afogados no vazio
anatomia de alma transcendente
corpo como tiro de raspão
cicatriz de sombra corrosiva
músculos intumescentes
voz como pressão nos ouvidos
traqueia de degraus para falanges
língua como tentáculo de alforreca
existência de areia
arrebatamento de guerra
apego de cólera
amor de fúria




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