domingo, 6 de março de 2016

temptation

todas as superfícies me pedem que deixe a minha anca sentir o frio da pedra
a minha voz passa a falar com volume e rouquidão de súplica

fode-me

olhar para ti pelo canto dos olhos e passar a língua pelos cantos da boca

dá-me de beber

os meus dedos a querer percorrer-te o peito e agarrar-te pulsante e ansioso

vem-te em mim



hoje fiquei a ver-me refletida no vidro preto enquanto chupava guloseimas, a minha língua a entrelaçar, recuar, doce e vermelha. os meus lábios a moldarem-se e sugar o açúcar, sedentos e rasgados.
quis que estivesses do outro lado, que partisses os vidros, me agarrasses pelos cabelos enquanto eu cortava os joelhos nos cristais do chão, com as minhas unhas a agarrarem-te pelas coxas, a minha boca a substituir o doce pelo salgado.

ontem adormeci a sentir-te atirar-me contra a parede, a apertar-me o pescoço enquanto me sussurravas ao ouvido que me querias espancar, a puxar-me com a mão esquerda para cada vez mais dentro de ti. eu gemia como resposta, e sorria em provocação, pedia com os olhos que me deixasses nódoas negras em todos os sítios por onde querias passar com a boca, que marcasses com os dentes todos os pedaços de mim que te parecessem demasiado puros.





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